quarta-feira, julho 16, 2008

Responsabilidade feminina, o Brasil é das mulheres

51 % dos eleitores brasileiros são mulheres, o que significa dizer que a preocupação com os temas que envolvem as questões de gênero deveria aumentar, pelo menos nos discursos dos candidatos. Abordar assuntos tais como a violência doméstica contra a mulher, ainda que saibamos que após eleitos, poucos candidatos se darão ao trabalho de continuar o curso dessa briga, ainda assim, é um ponto a mais de avanço na luta pela erradicação deste mal, que atinge 15% das mulheres e que, na maior parte das vezes, ocorre dentro de seu próprio lar. A discussão deve ser estimulada em todos os níveis e aproveitando todas as oportunidades.

Outras questões a serem discutidas e que estão apontadas em pesquisa do IBGE como os temas de maior precupação das mulheres são: igualdade de salários com os homens; legalização do aborto; anticoncepção e saúde da mulher; falta de creches e alternativas para deixar os filhos enquanto trabalham fora; crescimento da aids nas mulheres e participação das mulheres na política.

Por outro lado, mesmo sendo em maior número de eleitores há alguns anos, não temos conseguido ainda uma representação política expressiva. Apesar da Lei de Cotas (9.504, de 1997), que estipula o mínimo de 30% nas vagas para candidaturas femininas por partido-coligação, aprovada após a participação de mulheres brasileiras na Conferência Mundial das Mulheres em Pequim, em 1996, o número de candidatas a cargos eletivos ainda é inferior ao necessário: 22,1% nas eleições municipais de 2004. Essa falta de candidatas espelha o quadro de ocupação do poder por parte das mulheres: somos pouco mais de 400 prefeitas num universo de mais de 5.500 municípios no Brasil.

Desse lado de cá da urna eletrônica, penso nas razões que nos impedem uma maior participação na política. E não é difícil encontrar os motivos. Começam no momento em que a mulher acorda e, antes de sair de casa para iniciar a maratona eleitoral de visitas, encontros, reuniões, comícios etc., precisa resolver "questões de ordem" doméstica como: Quem vai fazer o almoço para os meninos, já que o marido (quando ele mora com a família), na melhor das hipóteses, está no trabalho. No meio de um inflamado discurso sobre as prioritárias questões da trilogia eleitoral educação-saúde-trabalho, uma assessora lhe catuca as costas e informa baixinho:

- Maria ligou, disse que Joãozinho tá com febre e seu João ainda não chegou. O que é que ela faz?

Pronto, nossa candidata entrega o microfone a algum concorrente, largando de mão as soluções coletivas de médio e longo prazos para atender às suas próprias urgências.

Talvez por motivos como este, aliados ao fato de que a política no Brasil é elemento tradicionalmente masculino (todos os partidos foram fundados por homens; a estrutura eleitoral foi criada e recriada por eles, até a democracia, embora palavra de gênero feminino, é criação masculina), é que tenhamos hoje um desequilíbrio expressivo também nos índices de candidatos eleitos, isto é, os homens têm se saído melhor nas disputas eleitorais, se elegendo em maior número do que as mulheres. Nas eleições municipais de 2004, por exemplo, entre os candidatos, 16,8% se elegeram e, entre as candidatas, apenas 8,6% foram eleitas.

Entretanto, mais uma vez, somos nós, mulheres, que vamos decidir o destino do Brasil e os nossos próprios destinos. Está em nossas mãos o poder de eleger candidatos e candidatas que possam mudar esses índices e tornar nosso país uma verdadeira Democracia, em gênero, número e grau.

4 comentários:

Anônimo disse...

Tenho muito orgulho de fazer parte de um páís com essa maioria e principalmente por ser amigo de uma das mulheres mais especiais que conheço. Talendo, garra, tara de farinha e beleza. Amo você. O país é nosso.

José Calvino disse...

Querida Morgana,
Na minha opinião, ainda confio nas
mulheres brasileiras inteligentes, como vc.
Viva as mulheres!
Viva o Brasil!
Parabéns escritoramiga.
Beijos do,
Calvino
Recife

MARIAESCREVINHADORA disse...

É isso aí, companheira. Vamos botar mais mulheres lá em cima para nos defender. Seu João que tome conta do menino e das panelas.
Adorei o texto.
Beijos,

Conceição

Nathi disse...

Eu votaria em você!!