terça-feira, janeiro 08, 2008

Sem carona...

Marcelino perdeu o emprego hoje. Era mototaxista. Trabalhou nisso durante dois anos e estava juntando dinheiro para comprar a sua moto e trabalhar por conta própria.

- Assim, para empresa, a gente não consegue ganhar grandes coisas.

Mas era melhor que nada. Marcelino agora está desempregado.

Apesar de todos os esforços para a regulamentação do transporte alternativo no Estado do Rio de Janeiro, ele está prestes a ser exterminado e os mototaxistas estão em estado de alerta. O Governador Sérgio Cabral ameaça seguir o exemplo da Colômbia – como se a Colômbia fosse exemplo a ser seguido – e proibir a “carona” nas motos, ou seja, levar a namorada para uma voltinha de moto pela cidade será coisa do passado – Bons tempos, aqueles! -, assim como o emprego do Marcelino, entre outros.

Diz o Governador que são os caronas nas motos que utilizam as armas para assaltar o cidadão, assim, acabando com as caronas, acabam os assaltos. Só rindo! É o mesmo que “amaldiçoar o sofá da sala pelo adultério alheio”.

Seguindo a mesma lógica, concluímos que se o tráfico de drogas tem sua base nas favelas cariocas, acabamos com as favelas; se as crianças de rua estão fora das escolas, acabamos com as crianças de rua; se a população de rua não tem casa para morar, acabamos com a população de rua. Se o alvo dos assaltantes são os cidadãos, acabamos com os cidadãos. O problema são os métodos de extermínio que seriam utilizados. Tenho até medo de pensar.

Ajude-me, leitor, a imaginar como seria, por exemplo, um Rio de Janeiro sem ônibus. Sim, sem ônibus, se o Governador entender que eliminando o transporte coletivo estaria eliminando totalmente os índices de assaltos a ônibus, tão comuns quanto os realizados pelos bandidos motociclistas em lombadas eletrônicas. Aliás, alguém já pensou em acabar com tais lombadas?

E para acabar com acidentes nas est radas? Acabam com as estradas, ora essa!
Aliás, deve ser por isso que as rodovias estão no estado em que se encontram. Deve ser o governo tentando acabar com os acidentes, acabando com as estradas.


Marcelino não sabe o que fazer – “Não sou bandido!” - e parece que Governador Sérgio Cabral também não.