Em meio aos seus devaneios filosóficos de botequim, Beijing dava graças aos deuses do Shan Hai Jing por morar no Brasil, um país com ampla liberdade de... De tudo.
- Ampla liberdade de tudo – pensava Beijing, diante da notícia acerca dos jornalistas detidos em Pequim numa manifestação pacífica do grupo Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que protestava contra os controles governamentais. O Brasil, sim, é um país livre. Pena que seja assim tão... Corrupto.
- De uns anos para cá, inclusive, a corrupção aumentou pra caramba! – Beijing analisava, ao mesmo tempo em que lembrava que esses políticos hoje tão amplamente acusados em público de desvios de verbas, roubo, facilitações para parentes e lá se vão tantas outras acusações, estes que aí estão são os mesmos que sempre estiveram, ou que há muito tempo estão no poder.
- Nossa, mas eles descobriram mesmo o jeitinho de roubar, né? Estão a todo vapor neste objetivo de usurpar o nosso patrimônio. Sim, porque de uns tempos pra cá aumentou muito a corrupção.
- Deixa de ser tonto, Beijing! – Invadia seus pensamentos o vizinho Nanjing, outro chinês feliz no Brasil das grandes liberdades. O que aumentou muito foi a Liberdade de Imprensa. Hoje os jornais investigam e descobrem coisas que nem mesmo o serviço de inteligência mais inteligente seria capaz de descobrir. E noticiam, publicam e todo mundo fica sabendo. É isso. Alguns desses bandidos descobertos são até mesmo processados e condenados – veja só o caso do Juiz Lalau, mais nada.
- Nada?
- Nadica de nada. Processar, tudo bem, mas colocar o cara na cadeia, isso lá é outro papo. Cadeia pra político corrupto não está nos planos desse Brasil da Liberdade em “raios fúlgidos”, mas que pouco brilho tem diante do radiante burburinho da noticiosa cadeia nacional.
- Estou convencido – concluía Beijing – que a corrupção é fruto direto da Liberdade de Imprensa. Fizemos certo em Pequim. Podemos não ter liberdade por lá, mas também não ouvimos falar em corrupção.
- Que besteira é essa que você está dizendo, rapaz?
- É só pensar um pouco. Quem é que ouvia falar em corrupção quando não havia Liberdade de Imprensa? Já pensou se derem liberdade à Imprensa? Haja corrupção!
- Fale baixo, Beijing! – Indignou-se o vizinho. Quer prejudicar as Olimpíadas? Já não bastam tantas águas rolando por lá?
E das profundezas mais cavernosas de sua filosofia mandarim, Beijing justificou seu pensamento:
- Meu velho amigo e vizinho, entre o Pan do Brasil e as Olimpíadas de Pequim só há uma semelhança: é que tanto no país do Cristo Redentor como no Reino das Bicicletas, nem tudo o que ping-pong.
- Ampla liberdade de tudo – pensava Beijing, diante da notícia acerca dos jornalistas detidos em Pequim numa manifestação pacífica do grupo Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que protestava contra os controles governamentais. O Brasil, sim, é um país livre. Pena que seja assim tão... Corrupto.
- De uns anos para cá, inclusive, a corrupção aumentou pra caramba! – Beijing analisava, ao mesmo tempo em que lembrava que esses políticos hoje tão amplamente acusados em público de desvios de verbas, roubo, facilitações para parentes e lá se vão tantas outras acusações, estes que aí estão são os mesmos que sempre estiveram, ou que há muito tempo estão no poder.
- Nossa, mas eles descobriram mesmo o jeitinho de roubar, né? Estão a todo vapor neste objetivo de usurpar o nosso patrimônio. Sim, porque de uns tempos pra cá aumentou muito a corrupção.
- Deixa de ser tonto, Beijing! – Invadia seus pensamentos o vizinho Nanjing, outro chinês feliz no Brasil das grandes liberdades. O que aumentou muito foi a Liberdade de Imprensa. Hoje os jornais investigam e descobrem coisas que nem mesmo o serviço de inteligência mais inteligente seria capaz de descobrir. E noticiam, publicam e todo mundo fica sabendo. É isso. Alguns desses bandidos descobertos são até mesmo processados e condenados – veja só o caso do Juiz Lalau, mais nada.
- Nada?
- Nadica de nada. Processar, tudo bem, mas colocar o cara na cadeia, isso lá é outro papo. Cadeia pra político corrupto não está nos planos desse Brasil da Liberdade em “raios fúlgidos”, mas que pouco brilho tem diante do radiante burburinho da noticiosa cadeia nacional.
- Estou convencido – concluía Beijing – que a corrupção é fruto direto da Liberdade de Imprensa. Fizemos certo em Pequim. Podemos não ter liberdade por lá, mas também não ouvimos falar em corrupção.
- Que besteira é essa que você está dizendo, rapaz?
- É só pensar um pouco. Quem é que ouvia falar em corrupção quando não havia Liberdade de Imprensa? Já pensou se derem liberdade à Imprensa? Haja corrupção!
- Fale baixo, Beijing! – Indignou-se o vizinho. Quer prejudicar as Olimpíadas? Já não bastam tantas águas rolando por lá?
E das profundezas mais cavernosas de sua filosofia mandarim, Beijing justificou seu pensamento:
- Meu velho amigo e vizinho, entre o Pan do Brasil e as Olimpíadas de Pequim só há uma semelhança: é que tanto no país do Cristo Redentor como no Reino das Bicicletas, nem tudo o que ping-pong.
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